As agressões constantes a natureza sempre voltam contra os seus agressores, mais cedo ou mais tarde. Parece ser apenas mais uma frase de efeito e de sensibilização, mas não é. Governador Valadares passa por um destes momentos em que a natureza responde a agressão que sofre. Atualmente existe um grande questionamento sobre a qualidade da água fornecida pelo sistema que abastece a cidade. Um laudo da Copasa que está sendo divulgado na cidade informa que os níveis de cianobactérias na água do rio estão muito acima dos níveis tolerados, assim como a grande diversidade de algas presentes, tanto em gênero quanto em espécies. Mas porque este problema agora? Porque não surgiu antes? Bem, para analisarmos esta questão temos que entender como se desenvolvem as cianobactérias. Estes microrganismos são unicelulares e capazes de realizar diversos processos fisiológicos, dentre eles a fixação biológica de nitrogênio e a fotossíntese. O ambiente propício para o seu desenvolvimento são os ambientes aquáticos lenticos, como os lagos, com muito calor, radiação solar e nutrientes minerais. Na região do Vale do Rio Doce calor e radiação solar tem de sobra. Os ambientes lênticos ficam por conta dos lagos das hidrelétricas e os nutrientes minerais dos esgotos e da erosão dos solos da bacia. Com tudo favorável, durante um inverno seco e quente, clima que caracteriza a região, a água das represas permanece com baixa movimentação, favorecendo o desenvolvimento das cianobactérias. Até aí tudo bem, mas o problema acontece quando elas crescem demasiadamente. Quando a população destes microrganismos aumenta muito inicia-se um processo natural de competição entre os indivíduos. Um dos processos químicos que ocorrem durante esta competição é a liberação de substâncias tóxicas na água visando inibir o potencial reprodutivo da célula vizinha. Seria um processo de equilíbrio ambiental normal se não fosse um detalhe: utilizamos esta água para abastecimento. Os sistemas de tratamentos de água convencionais são capazes de eliminar as cianobactérias, mas não são capazes de eliminar as toxinas produzidas por elas e que foram liberadas no meio ambiente. No Brasil o caso mais alarmante de toxinas de cianobactérias ocorreu na cidade de Caruaru em Pernambuco onde dezenas de pessoas que faziam tratamento de hemodiálise morreram por conta da presença das toxinas das cianobactérias na água.
Podemos constatar que a agressão ao meio ambiente como a erosão dos solos, a formação de barragens, o esgoto, tudo, um dia volta para o ser humano de forma intensificada. Criamos modelos próprios de desenvolvimento, mas nos esquecemos do processo de readaptação do meio ambiente, processo que pode ser extremamente agressivo ao homem de forma direta ou indireta. Temos que aprender a pensar sobre o nosso papel no meio ambiente pois somos parte integrante dela.
ALEXANDRE SYLVIO VIEIRA DA COSTA
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