O ano de 2010 acabou e o saldo da agropecuária foi positivo, apesar de alguns aspectos negativos. Em primeiro lugar verificamos a balança comercial. O setor do agronegócio apresentou uma das maiores contribuições para o superávit da balança comercial brasileira da história, apesar do reduzido valor do dólar frente ao real que encarece os nossos produtos no mercado externo. Outro fator que favoreceu o agronegócio brasileiro foram os problemas climáticos que ocorreram no verão do hemisfério norte, principalmente na Ásia e na Europa que culminaram por valorizar os produtos brasileiros. No mercado interno a situação não se mostrou favorável. O índice de inflação de 2010, segundo o IPCA, ficou em 5,91% o maior dos últimos seis anos. Segundo os analistas esta alta foi devido, principalmente, aos alimentos que são responsáveis por 40% da composição dos índices de inflação. Se fosse avaliado apenas o quesito alimentação a nossa inflação seria de 10,39%. Mas, porque os alimentos subiram tanto? Na prática o consumidor pode sentir na pele no preço da carne, do leite, do feijão dentre outros produtos. Para um melhor entendimento temos que avaliar vários aspectos. Assim como os alimentos este ano foram responsáveis pela alta da inflação, em anos anteriores eles foram responsáveis por segurar a inflação. O problema destes acontecimentos é que todos os outros produtos aumentam de preço todos os anos e os alimentos permanecem estabilizados, sem aumento ou com aumentos muitos baixos, segurando a inflação. Analisado pelo ponto de vista do governo isto é maravilhoso, mas e pelo ponto de vista do produtor rural? O produtor rural tem empregados para trabalhar na produção e o salário mínimo nos últimos oito anos foi reajustado acima da inflação e sempre em um prazo de onze meses e não doze meses. Uma pratica correta e justa afinal, que ganhava salário mínimo no Brasil não tinha condições nem mesmo de comprar uma cesta básica de alimentos para sua sobrevivência e de sua família e hoje o individuo consegue manter (as duras penas) a sua família. Mas e para quem paga o salário no campo? O salário e seus encargos fazem parte dos custos de produção da agropecuária e tem um peso considerável nas contas. Outro ponto são os insumos como fertilizantes e agrotóxicos. Muitos destes produtos são importados e dependem do preço do mercado externo, independente do que acontece no Brasil. Outro fator importante é a oferta de produtos. No Brasil não existe uma organização da produção agropecuária e os produtores produzem o que querem no momento que quiserem. Este fato gera, em determinados momentos, uma enxurrada de oferta de determinados produtos no mercado fazendo o preço despencar para o consumidor, que faz a festa, mas gerando lucro zero e até mesmo prejuízo para o produtor rural. Todos estes fatores se acumulam ao longo dos anos exercendo uma grande pressão sobre a própria atividade agropecuária e o produtor rural que vê-se obrigado a aumentar os preços ou sair da atividade. Outro fator que as pessoas não conhecem é que a grande massa dos produtores rurais não tem hora para começar ou terminar o trabalho, não tem férias, sábado, domingo, chuva, sol ou décimo terceiro salário. A labuta no campo é extremamente árdua e muitas vezes de baixa remuneração. A vaca leiteira, por exemplo, é uma máquina que envolve uma série de cuidados e gastos com a saúde, a alimentação e outros fatores dos animais sem contar os cuidados com o produto final, o leite, até ser comercializado e o produtor receber ao final de seu trabalho, em média, R$0,65 por litro de leite produzido.
Este blog tem por objetivo divulgar matérias sobre assuntos ligados ao desenvolvimento tecnológico na agricultura, uso de resíduos indusriais na agricultura, estradas dentre outros assuntos associados ao meio ambiente e a saúde das comunidades
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