No tempo dos nossos pais, ou até mesmo avós, o entendimento da nutrição humana era diferente dos conceitos que temos hoje. Naquele tempo não existiam suplementos alimentares ou conservantes químicos e as geladeiras eram raras. As carnes eram conservadas em banha e nos grãos era aplicado óleo para evitar o ataque de carunchos permitindo seu armazenamento por mais tempo.
A alimentação saudável das crianças era baseada no leite com angu, ou o famoso fubá produzido da moagem dos grãos de milho. A carne vermelha era rara sendo comum o consumo do frango caipira e do porco que vivia se esfregando no próprio excremento e que comia resto de comida fermentada, a chamada lavagem. Aos olhos de hoje, as práticas alimentares e de conservação dos alimentos podem ser consideradas um absurdo, mas no contexto da época eram as práticas mais adequadas de nutrição e conservação dos alimentos. O leite, por exemplo. Era puro, o chamado leite gordo, retirado da vaca e vendido em vendas onde o cidadão levava o seu próprio litro de vidro para ser enchido. A conservação era feita através da fervura freqüente. O milho, base da alimentação de muitas famílias, é rico em carboidratos, os açucares, e com baixo valor protéico. Esta alimentação está associada ao comportamento das crianças daquela época. As brincadeiras eram dinâmicas como o pique, pular corda, queimado, futebol, brincadeiras que sempre exigiram muito gasto de energia das crianças, daí a necessidade de consumo de alimentos calóricos. Raras eram as crianças obesas que praticavam este “esporte diário”. Agora, imaginemos este tipo de alimentação sendo fornecida as crianças modernas, que passam a maior parte do tempo sentadas diante da televisão ou do vídeo game. A falta de gasto energético destas atividades faz com que o açúcar ingerido não seja utilizado pelo organismo, sendo imediatamente transformado em gordura e armazenado no corpo.
O reduzido consumo de proteínas nos tempos antigos fazia as crianças serem crianças por mais tempo, atingindo a fase adulta no momento adequado. Atualmente os suplementos minerais e protéicos inseridos nos alimentos aceleraram este processo. As crianças crescem e se desenvolvem mais cedo com os seus corpos sendo modificados, entrando na fase adulta de forma prematura.
As pesquisas mostram que os adolescentes de hoje são, em média, quinze centímetros maiores que os adolescentes da década de sessenta por conta da grande inserção de aminoácidos e proteínas nos alimentos modernos. Produtos de baixo valor nutricional como macarrão atualmente são considerados além de fonte energética, fonte de vitaminas e minerais devido o seu enriquecimento com aditivos que ocorrem durante a fabricação.
Naquela época, as principais fontes de proteínas da alimentação eram compostas do feijão e das carnes. Antigamente os animais eram criados de forma totalmente inadequada, principalmente o pobre do porco. Dizia-se que o porco era um animal sujo porque se esfregava na lama e nos próprios excrementos. Coitado! O porco é um animal de poucos poros de transpiração necessitando de muita água para se refrescar. Como os criadouros não tinham água suficiente eles eram obrigados a se lambuzar das próprias fezes para se refrescar. E a lavagem? Muitos diziam que o porco gostava de comer lavagem. Um absurdo! O porco comia aquele resto de comida fedorenta porque o infeliz não tinha mais nada para comer. Com esta prática absurda os animais eram infestados de parasitas que contaminavam inclusive o homem como as famosas tênias. Como não existia controle de qualidade eficiente das carnes, os vermes se disseminavam contaminando o homem. Hoje isto praticamente não ocorre pois a carne de porco comercializada hoje em supermercados idôneos é originária de criadouros onde a higiene assume um importante papel no processo de produção. Os animais são alimentados com ração balanceada, são vacinados e o seu local de desenvolvimento limpo frequentemente. As carnes suínas de hoje são mais saudáveis e com menor teor de gordura. A fiscalização sanitária é mais eficiente obrigando os criadouros de porcos a cumprir com a legislação sanitária.
A evolução tecnológica gerou também uma evolução na qualidade do que comemos hoje, mas nem todo o processo de desenvolvimento na produção de alimentos foi positivo como veremos no próximo artigo
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