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OS AGROTÓXICOS DO NOSSO DIA A DIA

O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo. Somos líderes mundiais na exportação de café, álcool, carne, suco de laranja e em breve, também de soja. Para atingir este patamar foram necessários investimentos em pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, atenção ao produtor rural dentre outros fatores extremamente importantes na cadeia do agronegócio brasileiro. Outro ponto importante é a área ocupada no Brasil para atendimento a nossa agropecuária. Somando a área de pastagens e agricultura são aproximadamente 300 milhões de hectares ocupados, ou seja, cerca de 35% do território brasileiro está ocupado pela agropecuária. Muitas destas áreas são extensas e cultivadas de forma intensiva e contínua. Qualquer atividade agropecuária gera desequilíbrio ecológico criando um novo equilíbrio. Existe uma infinidade de insetos e microrganismos nas matas interagindo de forma harmoniosa com a vegetação, em equilíbrio. Alguns insetos se alimentam das folhas das plantas, mas como existem inimigos naturais que se alimentam dos insetos eles são mantidos sob controle, ou seja, a sua população não aumenta desordenadamente. Quando o homem derruba uma mata para implantar a lavoura ou a pastagem ele elimina aquela grande diversidade de indivíduos que existia, permanecendo apenas aqueles insetos que conseguem se alimentar da nova planta que foi estabelecida na lavoura. Com o tempo, o inseto se adapta a este novo habitat, aumentando a sua taxa reprodutiva e o ataque as plantas da lavoura tornando-se uma praga. Até mesmo os inimigos naturais tem problemas na adaptação desta nova situação não conseguindo controlar a nova praga das lavouras que se multiplica assustadoramente. Este inseto-praga criado pelo próprio homem causa grandes prejuízos às lavouras e, na grande maioria dos casos, a única solução para este problema é a utilização dos agrotóxicos. Estes produtos químicos são literalmente, um “remédio” para as plantas protegendo-as do ataque de pragas e doenças. Mas, como todo “remédio” a sua recomendação deve ser seguida rigorosamente. Os agrotóxicos são produtos concentrados e de elevado grau de toxidade para o homem, os animais, o solo e todo o meio ambiente. As recomendações para utilização dos agrotóxicos são inúmeras, desde o uso do EPI (Equipamento de Proteção Individual) para o aplicador que inclui roupa especial, máscara, óculos, luvas e bota até o descarte da embalagem vazia que deve retornar para a empresa de origem. Qualquer uso inadequado compromete a saúde do trabalhador rural, com os sintomas aparecendo imediatamente após a contaminação ou com o tempo, podendo causar sérios problemas a saúde como o surgimento de tumores e células cancerígenas. Na natureza o problema demora um pouco mais para aparecer. O uso inadequado e excessivo dos agrotóxicos pode contaminar o solo eliminando os animais benéficos como alguns fungos e as minhocas. Pode ser lavado pelas águas das chuvas pelo interior do solo e contaminar o lençol freático ou pela superfície contaminando diretamente rios e lagos. Nos cursos d’ água pode contaminar os animais que bebem desta água e os peixes promovendo a bioacumulação, ou seja, o agrotóxico acumula com o tempo nos órgãos internos dos peixes que após pescado vai para as nossas mesas. Outra característica do agrotóxico que é pouco respeitada chama-se período de carência. Este período é o tempo que o produtor rural tem que respeitar após a aplicação do produto na planta para que ele seja degradado, mas em muitos casos, o que determina o período da colheita não é a carência do agrotóxico mas o preço do dia do seu produto, principalmente das hortaliças como o tomate, pimentão, couve dentre outros. Quando o período de carência do agrotóxico não é respeitado e o fruto é colhido antes do tempo, está indo para a mesa do consumidor um alimento extremamente contaminado por agrotóxicos e que compromete a saúde das pessoas não no curto prazo, mas com o passar do tempo, estimulando o surgimento de doenças nos rins, fígado além de tumores e câncer como citamos anteriormente. Os alimentos ingeridos in natura, teoricamente são mais saudáveis devido a manutenção na íntegra de suas vitaminas e minerais mas podem ser grandes vilões devido à carga de agrotóxicos que carregam, principalmente quando são lavados de forma aleatória. Por este ponto de vista os alimentos cozidos são mais saudáveis pois eliminam grande parte dos agrotóxicos presentes nas verduras e legumes. Muitas vezes o próprio mercado consumidor determina o uso exagerado de agrotóxicos. Quem vai ao supermercado e compra uma alface com folhas comidas por insetos ou tomates furados devido a presença de lagartas? Para evitar este problema que desvaloriza seu produto, o produtor rural aplica agrotóxicos preventivamente, antes do inseto ou doença aparecer, aumentando ainda mais a carga de agrotóxicos. Infelizmente, nos dias atuais corremos este risco na nossa alimentação. O ideal seria o cultivo das hortas de “fundo de quintal” onde você teria certeza de produzir um alimento saudável e praticamente sem riscos de contaminação química, além é claro, do lazer e do prazer de produzir seu próprio alimento.

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