As chuvas em nossa região são caracterizadas pela sua irregularidade. Assim como tivemos chuvas freqüentes e intensas nestes últimos dias, a qualquer momento pode se instalar uma grande massa de ar quente e seca trazendo veranicos com semanas sem chuva em pleno período das águas. Mas estas grandes variações provam que não podemos vacilar em relação às encostas dos morros e as residências nelas instaladas. É fácil verificar em nossa região casas sendo construídas nas encostas com cortes de solo que deixam apavorados qualquer engenheiro. Grandes paredões de solos são formados para se conseguir pequenas áreas planas para construção das casas. Solos sem vegetação nas partes superiores que promovem grandes escorrimentos de água superficial e erosão que causam transtornos menores como lama em pequena quantidade, mas o grande problema passa a ser a água que infiltra no solo. Aqueles paredões de solo não apresentam estrutura para aguentar a pressão da água que infiltra aumentando o seu peso e reduzindo a força de agregação das partículas do solo. Resultado: quedas de barrancos que avançam para as casas derrubando muros e paredes causando danos patrimoniais, mas sem grandes riscos humanos. Mas com as chuvas constantes e fortes a água infiltra cada vez mais tornando o solo cada vez mais pesado com riscos de desmoronamentos e escorrimentos de massa de solos mais volumosos que não irão apenas derrubar muros e paredes, mas levar tudo que encontra pela frente devido seu grande estádio de energia. Temos que aprender com as tragédias e jamais esquece-las. Angra dos Reis, Niterói, Blumenau, todas cidades que já passaram por tragédias por conta das chuvas excessivas e destruidoras. No ultimo dia sete, entre oito e dez da noite a estação do Instituto Nacional de Meteorologia localizada em Governador Valadares registrou uma chuva de 36 milímetros e até a meia noite o acumulado foi de 50 milímetros . No dia seguinte, apenas no período de uma hora, entre onze e meia noite foram mais de 17 milímetros de chuva. Chuvas de alta intensidade, mas que seriam muito bem absorvidas por uma cidade que possui um modelo de gestão hídrica adequada. Não foi o caso e Matias Lobato onde a chuva do último dia sete causou grandes estragos e transtornos à população e aos usuários da BR116 que ficou coberta de água e lama oriunda das grandes áreas erodidas do município e pela falta de um sistema adequado de drenagem.
Não podemos apenas ficar olhando para o céu e torcendo para que as próximas chuvas não venham fortes. Temos que fazer a nossa parte: o poder público e a população. Nas áreas de encostas e de grandes barrancos formados onde as residências já existam é fundamental que a engenharia pública atue no processo de contenção visando à redução dos riscos de tragédias e onde o processo de ocupação ainda não começou, que estas áreas sejam impedidas de ocupação irregular, pois nestes locais, quanto maior o numero de residências, maior serão os riscos de ocorrência de uma tragédia. Devemos lembrar que as tragédias são esporádicas, ou seja, não ocorrem com freqüência, mas se existe a possibilidade dela ocorrer devemos estar preparados e a prevenção é a melhor alternativa para que os nossos habitantes não se tornem parte da macabra estatística de mortos por conta dos deslizamentos de encostas.
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