O Brasil é um país continental. Ao longo do nosso território encontramos diversos climas desde o Tropical úmido na Amazônia até o clima temperado, mais frio, no Sul, passando pelo Tropical de altitude, Semi árido, etc. Esta diversidade climática fez florescer uma grande diversidade de plantas, algumas ainda totalmente desconhecidas do homem. Mesmo tribos de índios isoladas, habitando a nossa floresta tropical até pouco tempo eram desconhecidas dos homens brancos. Temos uma das maiores diversidades de plantas e animais do planeta, mesmo com todo o processo de destruição do meio ambiente que vivenciamos. Estas plantas guardam segredos químicos que podem mudar a forma de pensar e agir do ser humano. Vamos imaginar os índios isolados. Caçam e pescam, colhem frutos, raízes, tudo para sua alimentação E quando adoecem? Morrem? Alguns sim, mas se todos morressem as tribos já estariam extintas há muito tempo. Com o passar dos séculos e a transferência de informações entre as gerações eles foram acumulando conhecimento sobre as plantas e o seu poder de cura. Tudo de forma empírica, na famosa tese “tentativa, erro e acerto”. Nas tribos indígenas os anciãos são as principais figuras devido ao conhecimento adquirido ao longo de sua vida e recebida de seus antecessores, diferente da sociedade “civilizada” que valoriza apenas o atual, o moderno, esquecendo-se dos conhecimentos antigos, considerando-os ultrapassados e obsoletos. Mas, pelo menos na medicina esta teoria está mudando. Apesar de toda a tecnologia e inovação que tem sido desenvolvida nesta área em relação aos equipamentos técnicos, cada vez mais buscamos junto às comunidades primitivas informações que possam ajudar na cura de doenças quando já não temos muitas alternativas nos remédios modernos. Existe uma maior diversidade de moléculas químicas em uma única planta do que em todos os remédios disponíveis de uma grande farmácia. Imaginem então em uma floresta. Milhões de moléculas químicas orgânicas sendo produzidas naturalmente pelas plantas e que, de alguma forma, pode nos ajudar a curar doenças que a tecnologia moderna ainda não conseguiu. Alguns pesquisadores brasileiros e muitos estrangeiros vivem durante meses e até mesmo anos, nas florestas e entre as comunidades indígenas procurando conhecer como eles resolvem seus problemas de saúde. Descobrem quais as plantas que curam e a partir deste momento entra em cena a tecnologia moderna. Ao chegar no laboratório isolam as substancias químicas, testam em animais e até mesmo nos seres humanos e muitas vezes conseguem identificar a molécula ou as moléculas que são curativas de determinadas doenças. O quebra pedra, por exemplo, conhecida no meio científico como Phyllantus nuriri, teve a sua ação científicamente comprovada auxiliando no processo de tratamento do sistema urinário com problemas de cálculo renal.
Apesar da grande diversidade de compostos químicos produzidos pelas plantas, existem dois aspectos que devem ser observados: a quantidade de cada composto químico produzido geralmente é muito pequena e podem existir outros componentes químicos tóxicos ao homem. Neste aspecto, a medicina popular pode ser melhorada com as pesquisas científicas, isolando as substâncias químicas que realmente atuam no processo de cura de determinadas doenças. Infelizmente, este nosso patrimônio fitoterápico está sendo mais pesquisado por gringos do que por brasileiros que, após a descoberta das substâncias realizam as patentes impedindo o seu uso universal sem que se pague um preço alto. O investimento acanhado das empresas nacionais e dos órgãos de desenvolvimento tecnológico na exploração desta linha de pesquisa e a falta de controle do governo sobre o nosso território faz com que o nosso patrimônio natural se torne cada vez menos nosso.
Alexandre Sylvio Vieira da Costa
Eng. Agrônomo – DSc. Produção Vegetal
Professor UnipacTO/Univale
http://agriculturaecologiaesaude.blogspot.com
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