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A EROSÃO DOS SOLOS

O solo é o principal patrimônio de uma propriedade rural. Para que a produção agropecuária ocorra de forma satisfatória, o produtor rural deve ter em mente que o solo é o suporte para crescimento de todas as plantas. O solo tem origem da degradação das rochas que sofrem a ação de diversos fatores ambientais como o sol, a chuva, o vento e biológicos como os animais, vegetais e microrganismos. Todos estes fatores atuando em conjunto promovem reações químicas e físicas que irão degradar a rocha, formando o solo. Dependendo da região, o tempo médio para formação da camada de um centímetro de solo varia de 100 a 200 anos. Com a interferência do homem e a utilização de técnicas e manejo adequados, este tempo pode ser reduzido de forma significativa para apenas algumas décadas.


Como podemos verificar, o homem pode ser considerado um dos principais fatores de formação dos solos. Mas, analisando por outro ponto de vista, ele também é o principal agende de sua degradação. A ampliação das fronteiras agrícolas nas áreas de mata nativa e a falta de manejo adequado durante a sua ocupação conduzem a quedas de produtividade das lavouras e das pastagens por conta dos processos erosivos que se instalam. Um chuva de alta intensidade e de curta duração, típica dos verões no Brasil, em poucos minutos é capaz de arrastar para dentro dos rios e das partes mais baixas da propriedade toneladas de solos ricos em nutrientes, erodindo justamente a camada mais fértil. Com a erosão de um único centímetro, a propriedade estará perdendo cerca de 100 toneladas de solo por hectare, sem contar os nutrientes minerais e matéria orgânica. Um solo que possua 5% de matéria orgânica na camada superficial estará perdendo cerca de 5 toneladas desde precioso material, fundamental na melhoria da estrutura do solo e na sua fertilidade.

A erosão é fácil de ser observada em alguns casos. Quando a água das chuvas se desloca por caminhos definidos rapidamente formam-se pequenos sulcos de erosão ao longo de toda a área. Inicialmente, muitos destes sulcos são rasos e passíveis de correção. Caso o produtor não atente para estes sintomas e continue com suas práticas inadequadas de preparo do solo, muitos destes pequenos sulcos irão se transformar em grandes voçorocas, estruturas profundas e largas de recuperação praticamente impossível a curto ou médio prazo, restando ao produtor adotar práticas de manejo para evitar que o problema aumente. Uma voçoroca de 10 metros de largura, 5,0 metros de profundidade e 50 metros de comprimento contabiliza para o produtor rural uma perda de aproximadamente 750 m3 de solo ou mais de 1.000 toneladas e uma área da propriedade de 500 m2.

Outro tipo de erosão pouco percebida é a erosão laminar. Nesta modalidade de erosão a água se movimenta pela superfície do solo de forma mais uniforme promovendo lentas reduções da sua superfície, sendo o solo erodido por camadas. No campo é facilmente observado com o surgimento de “peladeiros”, áreas onde as plantas não crescem ou crescem com dificuldade, indicando que a camada fértil e estruturada do solo foi perdida.

Seja ele qual for, os processos erosivos são danosos ao solo e comprometem o desenvolvimento da atividade agropecuária. Uma pequena parte dos produtores rurais brasileiros trabalha o seu sistema produtivo e o solo considerando as práticas de conservação. Até mesmo os produtores que possuem propriedades rurais com terreno acidentado, áreas que necessitam de maior atenção, não se preocupam com a conservação dos seus solos, procurando ajuda profissional apenas quando a situação atinge nível crítico comprometendo o seu sistema produtivo. O solo é como o dente: tem que cuidar todo o dia.

Alexandre Sylvio Vieira da Costa

Eng. Agrônomo – Professor Titular Solos e Meio Ambiente

Universidade Vale do Rio Doce

asylvio@univale.br

http://agriculturaecologiaesaude.blogspot.com

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