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AVALIAÇÃO DA LIBERAÇÃO E PERCOLAÇÃO DE POTÁSSIO NO SOLO ORIUNDO DO RESÍDUO DA INDÚSTRIA DE LATICINIOS




RESUMO



Nos dias atuais, devido o intenso consumo e atividade industrial o volume de resíduos produzidos aumentou significativamente em relação as décadas anteriores, sendo necessária a implantação das políticas dos Rs (reciclar, reutilizar e reduzir). Este trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos do resíduo da indústria de laticínios no solo em relação a disponibilização de potássio e sua lixiviação. O estudo foi realizado em casa de vegetação na Univale. Foi utilizado um solo de textura média acondicionados em tubos de PVC de 30 centímetros de altura. Foram coletados resíduos da estação de esgoto da indústria de laticínios. O material secado e moído foi aplicado na superfície do solo nas proporções de 10, 20 e 40 ton/ha. Durante 30 dias foi aplicado água na superfície do solo visando a disponibilização e a percolação do potássio. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado. O resíduo da ETE desta indústria de laticínios mostrou-se promissor na disponibilidade de potássio do solo, mas apenas no seu local de aplicação, com pouca movimentação ao longo do perfil do solo e, consequentemente, sua lixiviação e contaminação dos aqüíferos subterrâneos.



Palavras-chave: nutriente mineral, contaminação ambiental, lixiviação.




INTRODUÇÃO



O aumento das demandas das sociedades por melhorias nas condições do meio ambiente tem exigido das empresas públicas e privadas uma definição de suas políticas ambientais, principalmente no que se refere ao tratamento de efluentes e resíduos sólidos. Levantamentos realizados em vários países indicam que o tratamento e a disposição final dos resíduos sólidos produzidos (lodos) em uma estação de tratamento de esgoto representa entre 30 e 60% do custo operacional da ETE.

A adequada destinação dos resíduos é condição essencial para o sucesso do sistema de tratamento. A importância deste manejo foi reconhecido na Agenda 21, principal instrumento aprovado na Conferência Mundial de Meio Ambiente (Rio 92) que incluiu em seu capítulo 21 o tema “Manejo ambientalmente saudável dos resíduos sólidos”. São definidos neste capítulo quatro programas prioritários: a redução da produção de resíduos, o aumento da reutilização e reciclagem, a promoção de depósitos e tratamento ambientalmente saudáveis e a ampliação do alcance dos serviços que são ocupados com os resíduos (Prosab, 1999).

As características físico-químicas dos lodos os tornam excelentes condicionadores de solo, auxiliando na melhoria das práticas agrícolas. A reciclagem dos resíduos orgânicos industriais é a melhor alternativa quando este atende aos requisitos necessários em relação principalmente à concentração de metais pesados. A necessidade de se solucionar o problema do resíduo entretanto, não pode considerar apenas a sua disposição no solo para uso agrícola para eliminação de um problema tipicamente urbano. A reciclagem na agricultura exige a produção de um insumo de qualidade, que garanta a adequação do produto ao uso agrícola, definindo manejos e restrições de uso nos solos visando a maior produtividade do produtor e garantindo a produção de um alimento saudável. Experiências frustradas de um manejo inadequado dos resíduos podem tornar a prática inviável no futuro devido a resistência que pode ser gerada na sociedade em função dos potenciais danos ambientais, agronômicos e sanitários (Andreoli e Bonnet, 1988).

O presente trabalho teve como objetivo avaliar a liberação e a percolação no solo de potássio presente no resíduo da ETE de uma fábrica de laticínios.



MATERIAIS E MÉTODOS



O ensaio foi realizado em casa de vegetação na Universidade Vale do Rio Doce em Governador Valadares, Minas Gerais. O resíduo utilizado foi coletado na estação de tratamento de efluentes (ETE) de uma industria de laticínios após o processamento. O material foi secado a sombra, moído em moinho de facas e separado o material com granulometria inferior a 0,05 mm (pó).

O solo utilizado foi um Argissolo Vermelho amarelo coletado no horizonte Bt e que apresentou nível de potássio de 97 mg/dm3 e a seguinte distribuição de partículas: areia grossa: 20,59%, areia fina: 4,78%, silte: 43,94%, argila: 30,70%. O solo foi peneirado e acondicionado em tubos de PVC de 30 centímetros de comprimento e 11 centímetros de diâmetro. Após a disposição dos solos nos tubos o mesmo foi irrigado até atingir 80% da capacidade de campo. Em seguida, foram adicionados na superfície do solo o resíduo de laticínios nas proporções de 10, 20 e 40 toneladas/há em relação a área superficial do tubo. Diariamente, durante 30 dias, a cada dois dias, o solo foi irrigado com água correspondente a 20% da capacidade de campo. Após este período os tubos foram abertos lateralmente e os solos coletados a cada dois centímetros. As amostras de solo foram secadas, peneiradas e preparadas para análise de potássio.

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com quatro repetições.



RESULTADOS E DISCUSSÃO



Os resultados dos Gráficos 1, 2 e 3 mostram que o potássio foi disponibilizado em grande quantidade na camada superior do solo, local onde o resíduo foi aplicado (0-2,0 centímetros) com a percolação ocorrendo até a camada de solo de 4,0 centímetros de profundidade, sendo observado de forma mais intensa com a aplicação de 40 ton/ha de resíduo de laticínios onde os valores superaram os 900 mg/dm3. Nos tratamentos com 10 ton/ha e 20 ton/ha, estes valores na camada de 2,0-4,0 centímetros superaram os 200 mg/dm3. Nas demais camadas do solo a partir de 4,0 centímetros até 26 centímetros os valores do potássio do solo permaneceram abaixo de 200 mg/dm3, independente da quantidade de resíduo aplicado em cobertura no solo, com valores próximos aos do solo testemunha onde o nível de potássio foi de 97,0 mg/dm3.

O resíduo da ETE desta indústria de laticínios apresentou nas análises químicas uma grande quantidade de potássio em sua composição e a liberação no solo. Apesar deste aspecto positivo, a percolação do elemento foi reduzida indicando que o seu manejo no solo deve estar associado a sua incorporação para obtenção de um maior aproveitamento pelas raízes das plantas e a quantidade utilizada, visando a redução dos riscos de salinização ou desequilíbrio iônico nas camadas superficiais do solo.

Os resultados também indicam que os riscos de contaminação dos aqüíferos subterrâneos por este elemento são reduzidos em função da sua pequena lixiviação pelo perfil do solo.


CONCLUSÃO


O resíduo da ETE desta indústria de laticínios mostrou-se promissor na disponibilidade de potássio do solo, mas apenas no seu local de aplicação, com pouca movimentação ao longo do perfil do solo e, consequentemente, sua lixiviação e contaminação dos aqüíferos subterrâneos.



BIBLIOGRAFIA

ANDREOLI, C. V.; BONNET, B. R. P. (COORD.). Manual para análise microbiológica e parasitológica em reciclagem agrícola de lodo de esgoto. Curitiba, SANEPAR, 1998.

PROSAB, Programa de pesqisa em Saneamento Básico. Uso e manejo do lodo de esgoto na agricultura. Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, Rio de Janeiro, 1999, 97p.

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